"Belo Horizonte é um município
brasileiro, capital do estado de Minas Gerais. Pertence à Mesorregião
Metropolitana de Belo Horizonte e à Microrregião de Belo Horizonte. Com uma
área de aproximadamente 330 km², possui uma geografia diversificada, com morros
e baixadas, distando 716
quilômetros de Brasília, a capital nacional.9
Cercada pela Serra do Curral, que
lhe serve de moldura natural e referência histórica, foi planejada e construída
para ser a capital política e administrativa do estado mineiro sob influência
das ideias do positivismo, num momento de forte apelo da ideologia republicana
no país.10 Sofreu um inesperado acelerado crescimento populacional, chegando a
mais de 1 milhão de habitantes com quase 70 anos de fundação. Entre as décadas
de 1930 e 1940, houve também o avanço da industrialização, além de muitas
construções de inspiração modernista, notadamente as casas do bairro Cidade
Jardim, que ajudaram a definir a fisionomia da cidade.
De acordo com o censo realizado
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2010, sua
população é de 2 375 444 habitantes,4 sendo a sexta cidade mais populosa do
país. Belo Horizonte já foi indicada pelo Population Crisis Commitee, da ONU,
como a metrópole com melhor qualidade de vida na América Latina e a 45ª entre
as 100 melhores cidades do mundo.11 Hoje a cidade tem o quinto maior PIB entre
os municípios brasileiros,12 representando 1,37% do total das riquezas
produzidas no país.4 Uma evidência do desenvolvimento da cidade nos últimos
tempos é a classificação da revista América Economía, na qual Belo Horizonte
aparece como uma das 10 melhores cidades para fazer negócios da América Latina
em 2009, segunda do Brasil e à frente de cidades como Rio de Janeiro, Brasília
e Curitiba.13
A cidade é mundialmente conhecida
e exerce significativa influência nacional e até internacional, seja do ponto
de vista cultural, econômico ou político. Conta com importantes monumentos,
parques e museus, como o Museu de Arte da Pampulha, o Museu de Artes e Ofícios,
o Museu de Ciências Naturais da PUC Minas, o Circuito Cultural Praça da
Liberdade, o Conjunto Arquitetônico da Pampulha, o Mercado Central e a Savassi,
e eventos de grande repercussão, como o Festival Creamfields Brasil, o Festival
Internacional de Teatro, Palco e Rua (FIT-BH), Festival Internacional de Curtas
e o Encontro Internacional de Literaturas em Língua Portuguesa. É também
nacionalmente conhecida como a "capital nacional do boteco", por
existirem mais bares per capita do que em qualquer outra grande cidade do
Brasil.
A fundação da capital
Capitão João Leite da Silva
Ortiz, fundador de Curral del Rei.
Antiga Matriz de Nossa Senhora da
Boa Viagem do Curral.
O Arraial de Curral del Rei
(1896).
Antes da chegada dos
colonizadores portugueses, no século XVI, toda a região do atual estado de
Minas Gerais era ocupada por povos indígenas do tronco linguístico macro-jê14 .
Na imensa faixa de terras ao
largo do Rio das Velhas assenhoradas pelo bandeirante Paulista Bartolomeu Bueno
da Silva (mais tarde Anhanguera II), veio seu primo e futuro genro, João Leite
da Silva Ortiz, à procura de ouro. Ele ocupou, em 1701, a Serra dos Congonhas
(mais tarde Serra do Curral) e suas encostas, onde estabeleceu a Fazenda do
Cercado, base do núcleo do Curral del Rei. No local, desenvolveu uma pequena
plantação e criou gado, com numerosa escravatura.15 O povoamento aos poucos foi
se firmando, de forma tal que, em 1707, já aparecia citada em documentos
oficiais. Em 1711, a
carta de sesmaria foi obtida por Ortiz, com a concessão da área que
"começava do pé da Serra do Curral, até a Lagoinha, estrada que vai para
os currais da Bahia, que será uma légua, e da dita estrada correndo para o rio
das Velhas três léguas por encheio".16 Conforme trecho da carta de
sesmaria, à ortografia da época, concedida por Antônio Albuquerque Coelho de
Carvalho:
Faço
saber aos q'. esta minha Carta de Sesmaria virem q', havendo respto. ao q'. por
sua petição me enviou a dizer João Leyte da Silva, q'. ele suppte., em o ano
passado de 1701 fabricou fazenda em as minas no distrito do Rio das Velhas em a
paragem aonde chamão o Sercado, e na dita fazda. teve plantas e criações, de
que sempre pagou dízimos e situou gado vacum, tudo em utelidade da fazenda real
e conveniência dos minros. (…)
Ortiz dedicou-se especialmente ao
plantio de roças, criação e negociação de gado, trabalhos de engenho e,
provavelmente, a mineração de ouro nos córregos. O progresso da fazenda atraiu
outros moradores, e um arraial começou a se formar, tornando-se um dos pontos
de concentração dos rebanhos transitados pelo registro das Abóboras, vindos do
sertão da Bahia e do São Francisco para o abastecimento das zonas auríferas.18
Apoiado na pequena lavoura, na
criação e comercialização de gado e na fabricação de farinha, o arraial
progrediu. A topografia da região favoreceu o estabelecimento de uma povoação
dada à agricultura e à vida pastoril. Os habitantes deram o nome de Curral del
Rei, por causa do cercado ou curral ali existente, em que se reunia o gado que
havia pago as taxas do rei, segundo a tradição corrente. O arraial contava com
umas 30 ou 40 cafuas cobertas de sapé e pindoba, entre as quais foi erguida uma
capelinha situada à margem do córrego Acaba-Mundo (onde hoje se encontra a
catedral), tendo à frente um cruzeiro e ao lado um rancho de tropas.19 Algumas
poucas fábricas, ainda primitivas, instalaram-se na região, onde se produzia
algodão e se fundia ferro e bronze. Das pedreiras, extraía-se granito e
calcário, e frutas e madeiras eram comercializadas para outros locais. Das trinta
ou quarenta famílias inicialmente existentes, a população saltou para a marca
de 18 mil habitantes.
Em 1750, por ordem da Coroa, foi
criado o distrito de Nossa Senhora da Boa Viagem do Curral, então sede da
freguesia do mesmo nome instituída de fato em 1718 em torno de capela ali
construída pelo Padre Francisco Homem, filho de Miguel Garcia Velho. Elevado à
condição de freguesia em 1780,22 mas ainda subordinado a Sabará, o Curral del
Rei englobava as regiões (ou curatos) de Sete Lagoas, Contagem, Santa Quitéria
(Esmeraldas), Buritis, Capela Nova do Betim, Piedade do Paraopeba, Brumado,
Itatiaiuçu, Morro de Mateus Leme, Neves, Aranha e Rio Manso. No centro do
arraial, os devotos ergueram a Matriz de Nossa Senhora da Boa Viagem. Com a
extinção dos curatos, a jurisdição do Curral del Rei viu-se novamente reduzida
ao primeiro arraial, com sua população de 2.500 habitantes, que chegou a 4 000
moradores já ao fim do século XIX.
O seguinte trecho do relatório
enviado à Cúria de Mariana pelo vigário Pe. Francisco de Paula Arantes,
conservada a ortografia, relata a paisagem característica da região à época:
A
Matriz de Nossa Senhora da Boa Viagem de Curral del Rei está situada em campos
amenos na extensa planície de sua serra donde manão imensas fontes de
cristalinas e saborosas águas; o clima da região he temperado; a atmosphera he
salutifera; está circulada de pedras e mais materiais onde se podem fazer
soberbos edifícios; a natureza criou este logar para sua formosa e linda
cidade, si algum dia for auxiliada esta lembrança.
Porém, enquanto Vila Rica,
Sabará, Serro Frio e outros núcleos mineradores se constituíam em centros
populosos e ricos, Curral del Rei e sua vocação para o comércio do gado
sertanejo estacionou em seu desenvolvimento, não oferecendo lucro que fixasse
ao solo uma população como a de outros lugares.23 O apogeu de Ouro Preto
perdurou até o fim do século XVIII, quando as jazidas esgotaram-se e o ciclo do
ouro deu lugar à pecuária e à agricultura, criando novos núcleos regionais e
inaugurando uma nova identidade estadual.
A então capital de Minas Gerais,
a cidade de Ouro Preto, não apresentava alternativas viáveis ao desenvolvimento
físico urbano, o que gerou a necessidade da transferência da capital para outra
localidade.25 Com a República e a descentralização federal, as capitais tiveram
maior relevo: ganhava vigor a ideia de mudança da sede do governo mineiro, pois
a antiga Ouro Preto era travada pela topografia. O governador Augusto de Lima
encaminhou a questão ao Congresso Mineiro, que, reunido em Barbacena, em sessão
de 17 de dezembro de 1893, indicou pela lei n. 3, adicional à Constituição
Estadual, a disposição de que a mudança da capital ocorresse para local que
reunisse as condições ideais. Cinco localidades foram sugeridas: Juiz de Fora,
Barbacena, Paraúna, Várzea do Marçal e Belo Horizonte. A comissão técnica,
chefiada pelo engenheiro Aarão Reis, julgou em igualdade de condições Belo
Horizonte e Várzea do Marçal, decidindo-se ao final pela última localidade.
Voltou o Congresso a se pronunciar, e depois de novos e extensivos debates,
instituiu-se que a capital fosse construída nas terras do arraial de Belo
Horizonte.
Inauguração de Belo Horizonte, em
12 de dezembro de 1897.
Comissão Construtora no campo de
obras.
O local escolhido oferecia condições
ideais: estava no centro da unidade federativa, a 100 km de Ouro Preto, o que
muito facilitava a mudança; acessível por todos os lados embora circundado de
montanhas; rico em cursos d'água; possuidor de um clima ameno, numa altitude de
800 metros .
A área destinada à nova capital parecia um grande anfiteatro entre as Serras do
Curral e de Contagem, contando com excelentes condições climatológicas,
protegida dos ventos frios e úmidos do sul e dos ventos quentes do norte, e
arejada pelas correntes amenas do oriente que vinham da serra da Piedade ou das
brisas férteis do oeste que vinham do vale do Rio Paraopeba. Era um grande vale
cercado por rochas variadas e dobradas, com longa e perturbada história
geológica, solos rasos, pouco desenvolvidos, de várias cores, às vezes arenosos
e argilosos, com idade aproximada de 1 bilhão e 650 milhões de anos.26
Em 1893, o arraial foi elevado à
categoria de município e capital de Minas Gerais, sob a denominação de Cidade
de Minas. Em 1894, foi desmembrado do município de Sabará. No mesmo ano, os
trabalhos de construção foram iniciados pela Comissão Construtora da Nova
Capital, chefiada por Aarão Reis, com o prazo de 5 anos para o término dos
trabalhos. Em maio de 1895, Aarão Reis foi substituído pelo engenheiro Francisco
de Paula Bicalho. Ao 12 de dezembro de 1897, em ato público solene, o então
presidente de Minas, Crispim Jacques Bias Fortes, inaugurou a nova capital. A
cidade, que já contava com 10 mil habitantes em sua inauguração, custou aos
cofres estaduais a importância de 36 mil contos de réis. Em 1901, a Cidade de Minas
teve seu nome modificado para o atual, em virtude da dualidade de nomes, já que
o distrito e a comarca se chamavam Belo Horizonte
A década de 1980 foi marcada pela
valorização da memória da cidade, com a alteração na orientação do crescimento.
Vários edifícios de importância histórica foram tombados. Foi iniciada a
implantação do metrô de superfície. Iniciada em 1984 e concluída em 1997, a canalização do
ribeirão Arrudas pôs fim ao problema das enchentes ao centro da capital.
Contudo, vários problemas surgiram e alguns permaneceram. Um deles foi a
degradação da Lagoa da Pampulha, um dos principais cartões-postais da cidade,
que se tornara um lago praticamente morto devido à poluição de suas águas. A
cidade foi palco ainda de grandes manifestações visando a queda da ditadura
militar no Brasil, sob a liderança de Tancredo Neves, na época governador do
estado. A fisionomia urbana foi novamente alterada com a proliferação de
prédios em estilo pós-moderno, especialmente na afluente Zona Sul da cidade,
graças à influência de um grupo de arquitetos liderado por Éolo Maia. Na mesma
década, a cidade também passou a ser servida pelo Aeroporto Internacional de
Confins, localizado no município de Confins, a 38 km do centro da capital.
Em 1980, aproximadamente 850 000
pessoas tomaram a então Praça Israel Pinheiro (conhecida como Praça do Papa)
para receber o próprio Papa João Paulo II. Diante da multidão de fiéis e da
vista privilegiada da cidade, o papa ali exclamou: "Pode-se olhar as
montanhas e Belo Horizonte, mas sobretudo quando se olha para vocês, é que se
deve dizer: que belo horizonte!", o que provavelmente colaborou para que a
praça ficasse conhecida hoje por este nome.
A década de 1990 foi marcada pela
valorização dos espaços urbanos e pelo reforço da estrutura administrativa do
município, com a aprovação em 1990 da Lei Orgânica do Município e do Plano
Diretor da cidade, em 1996.
A gestão municipal se democratizou com a realização
anual do Orçamento participativo. O desafio ainda em curso diz respeito ao
fortalecimento da gestão integrada da Região Metropolitana de Belo Horizonte,
que reúne 34 municípios que devem cooperar entre si para a resolução de seus
problemas comuns. Espaços públicos como a Praça da Liberdade, a Praça da
Assembleia e o Parque Municipal, que se encontravam abandonados e
desvalorizados, foram recuperados e a população voltou a frequentá-los e a
cuidar de sua preservação.
Neste início do século XXI, Belo
Horizonte tem se destacado pelo desenvolvimento do setor terciário da economia:
o comércio, a prestação de serviços e setores de tecnologia de ponta (destaque
para as áreas de biotecnologia e informática). Alguns dos investimentos
recentes nesses setores são a implantação do Parque Tecnológico de Belo
Horizonte, do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento do Google para a América
Latina e do moderno centro de convenções Expominas.
O turismo de eventos, com a
realização de congressos, convenções, feiras, eventos técnico-científicos e
exposições, tem fomentado o crescimento dos níveis de ocupação da rede
hoteleira e do consumo dos serviços de bares, restaurantes e transportes. A
cidade também vem experimentando sucesso no setor artístico-cultural,
principalmente pela políticas públicas e privadas de estímulo desse setor, como
a realização de eventos fixos em nível internacional e o crescimento do número
de salas de espetáculos, cinemas e galerias de arte. Por tudo isso, a cada ano
a cidade se consolida como um novo polo nacional de cultura"
Fonte: Wikipédia, a
enciclopédia livre